Coqueluche

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Coqueluche

O ressurgimento de uma velha doença!

A coqueluche é uma doença infecciosa aguda das vias aéreas inferiores, causada por uma bactéria chamada "Bordetella Pertussis". Pode ocorrer em qualquer idade, mas a maioria dos casos acomete bebês e crianças pequenas.

O problema do aumento do número de casos de coqueluche tem características mundiais, não é exclusividade do Brasil. Entretanto, a taxa de letalidade (número de óbitos) em bebês é bastante preocupante. Em 2010 houve na Califórnia uma grande epidemia de coqueluche com cerca de 9.000 casos diagnosticados e 10 casos fatais em lactentes.

Detalhes

Principais sintomas: quadro inicial, semelhante a um resfriado comum, associado ou não à febre. Essa fase é chamada fase catarral. Dura de uma a duas semanas, evoluindo para crises de tosse sem pausa respiratória (uma tosse após a outra). Em ataques mais graves, pode causar congestão facial e lábios arroxeados (cianose). No final da crise há o "guincho" característico (barulho causado pela passagem do ar através da glote fechada que é a parte da via respiratória que fecha quando nos alimentamos para não aspirarmos o alimento ingerido), seguido de eliminação de secreção espessa. Pode haver vômitos associados e apnéia (parada momentânea da respiração), dificultando a alimentação.

Esta fase (chamada paroxística), dura em média de 6 a 8 semanas, mas pode durar mais. Essa doença já foi conhecida como "tosse dos cem dias". Durante essa fase da doença, a gravidade vai diminuindo gradativamente, mas a tosse pode retornar, caso ocorra novo episódio de infecção respiratória nos meses seguintes.

A doença é mais grave em bebês abaixo de um ano pela própria anatomia das vias aéreas, que é mais estreita e pela baixa imunidade. Portanto essa faixa etária requer maiores cuidados, muitas vezes necessitando de hospitalização para monitoração e oxigenioterapia, além do tratamento medicamentoso com antibióticos e medidas de suporte. A principal complicação é pneumonia, podendo levar ao óbito.

O contágio é alto em exposição familiar, acometendo 80 a 90% dos susceptíveis. Ocorre através do contato com gotículas respiratórias, geradas por tosse ou espirro das pessoas doentes, especialmente na fase catarral e início da fase paroxística (nas primeiras três semanas do quadro, quando dificilmente se faz a suspeita diagnóstica).

Apesar do Brasil oferecer uma alta cobertura vacinal contra essa doença (a vacina faz parte do calendário vacinal infantil), dados recentes do Ministério da Saúde sobre a coqueluche no Brasil (números registrados no Sistema Nacional de Agravos de Notificação-SINAN), foram notificados, até a última semana epidemiológica (SE 52 de 2012), foram levantados 15.428 casos suspeitos de coqueluche no país. Destes, 4.453 (28,9%) foram confirmados, representando um incremento de 97% em relação ao mesmo período de 2011 (2.258 casos confirmados). O fato preocupante é o numero de óbitos (74), em que quase a totalidade deles ocorreu em lactentes com idade inferior a seis meses.

A infecção e/ou a imunização (prevenção da doença através da vacina), não leva à imunidade permanente. A ausência de reforços vacinais leva a um aumento de casos na adolescência e adultos jovens. Esse grupo apresenta doença com poucos sintomas e passa a ser responsável pela disseminação da doença para a população mais suscetível, que são os menores de um ano, essa é a mais importante fonte da infecção nos lactentes jovens, incluindo os pais, irmãos mais velhos e cuidadores, como babás.

Outro fator importante para o aumento da doença nessa faixa etária é a menor transmissão de anticorpos por via transplacentária, que é conseqüência da queda dos níveis de anticorpos na população de adultos jovens.

Portanto, para diminuir o número de casos nos lactentes jovens, o Ministério da Saúde recomenda às gestantes a Vacina Tríplice Acelular Tipo Adulto, preferencialmente após a 20ª semana de gestação. Também devem receber essa vacina o pai, irmãos adolescentes e os cuidadores de bebês.

FONTE: Dra Francisca Rosangela A. Castro,

Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria/Relator Dr. Eitan N. Berezin, Doenças Pulmonares em Pediatria/Dra Tatiana Rozov/Dr Bernardo Kiertsman/Dra. Neiva Damasceno


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